quarta-feira, 29 de agosto de 2007




Imagine um buraco no oceano.

Um buraco fundo, num mar fundo. O buraco é feito de aço, um tubo de aço espesso. As soldas muito bem feitas e estanques, a calandragem perfeita e monumental, o cilindro enorme e oxidado. Sete metros de diâmetro, não mais.

Imagine ele bem cravado no fundo do solo marítimo, um quinto cravado, quatro quintos para fora, o topo um pouco acima da linha d’água. Uma bomba tira a água de dentro do tubo.

Imagine como demora.

Imagine o tubo seco por dentro, o sol forte, o buraco fundo no meio do oceano.

(agora imagine de noite)



Imagine a solidão lá dentro, lá embaixo, sozinho, você e uma cadeira, você e um banquinho.

Imagine o som do seu grito mais alto. O som dos seus peidos.

Imagine a cor do céu claro lá no alto, lá longe.

Imagine a primeira chuva.






Um comentário:

Carlos E. Faraco disse...

Esse foi o de que eu mais gostei, certamente.
Você está me saindo melhor que a encomenda! Olhar de arquiteto escrevendo é foda. Para seu exclusivo deleite (não é pra aprender nada, que isso não se aperende) releia João Cabral. A régua, o esquadro, o compasso...
Gostei muito disso tudo.
Um abraço.
Um também inaugurei um blog outro dia.
Quando der, dá um pulo lá.
Abraço proceis 3.
Carlos, um ti(r)o no escuro.
Meu blog:
http://www.lingualambe.blogspot.com/